FAZER POESIA NÃO É PRA QUALQUER UM, NÃO!
Fazer poesia é algo que não se ensina. Poeta nasce poeta. Só precisa aprender a escrever, pra poder botar a poesia no papel. Mas essa poesia já está pronta dentro dele, mesmo antes de aprender a falar. Porquanto a poesia é linguagem da alma - que ele já tem - e não do cérebro, onde desenvolve a habilidade de escrever.
Fazer poesia não é escrever bonito. Não é fazer rima, nem métrica. Muito menos inventar metáforas. Fazer poesia, como disse o Gilberto Gil, é usar palavras para, "dizer o indizível...atingir o inatingível...fazer caber o incabível".
E, se o cara não nasceu com o par de alelos que geram poetas, pode ler um monte de poemas, pode fazer oficinas literárias, cursos de redação, workshops de sensibilização, ou o nome que você quiser dar a essas vãs tentativas, às vezes até bem intencionadas. Não vira poeta, nem a pau!
Você mesmo pode fazer essa experiência. Escreva uma "poesia" ou o que você acha que seja uma poesia. Dê pra qualquer pessoa ler ou leia você mesmo, caso o destinatário não seja alfabetizado. Se, ao final da leitura, os olhos do destinatário-teste não brilharem, então não era poesia. Pode ser até que ele elogie, ache as palavras bonitas e as idéias originais. Mas, assim como na paixão, se não houver brilho no olhar, então não é paixão, então não é poesia.
Como muita gente, tentei fazer poesia, mais na tentativa de aliviar a dor do que de produzir qualquer coisa que prestasse. É claro que não serviu nem pra uma coisa nem pra outra. Estão em algum fundo de gaveta por aí, acho que junto com a declaração de renda do ano passado.
Um dia, tentando escrever pra aliviar mais uma dor, não conseguia nem fazer uma variação da "batatinha quando nasce". Então, caí na real e, pra celebrar a tomada de consciência da minha própria mediocridade, cometi meus últimos versos, como um epitáfio para um poeta que nunca viveu. Segue abaixo, para o merecido escárnio dos leitores.
POEMA MEIA-BOCA