domingo, 23 de dezembro de 2007

CLARICE E O DNA

"Sangue não é água". Sempre que alguém fazia algo ou se comportava de maneira muito parecida com seus pais, minha avó soltava essa frase, querendo comentar, naturalmente, a força que a genética tem na formação das nossas potencialidades.
O Brasil é um país pródigo em talentos musicais. O mundo inteiro sabe disso. Menos o Brasil.

Nascem tantos talentos brasileiros, que famílias inteiras vão criando artistas, por várias gerações. Talvez o exemplo mais conhecido seja o da família Caymmi. Mas há outros. Elis e César geraram Pedro e Maria Rita. A mesma Elis e Ronaldo Boscoli geraram João Marcelo.
João e Miucha geraram Bebel. Simonal é pai de dois músicos absolutame
nte talentosos, assim como Jair Rodrigues. E esses talentos são tão explosivos e exuberantes que logo, logo, os garotos e garotas nos fazem esquecer que são filhos de seus talentosos pais; criam personalidades próprias e estilos únicos. Deixam de ser filhos de artistas e passam a ser eles mesmos os artistas.
Há outra família brasileira que gerou talentos maravilhosos. Mas po
uco conhecidos - ou pouco reconhecidos - no Brasil. Na verdade, nem a primeira geração tem aqui o reconhecimento que merece e que tem na Europa, nos Estados Unidos e no Japão.
Estou falando da família Assad. O primeiro fruto precioso dessa família é o Duo Assad, formado pelos irmãos Odair e Sérgio. São violonistas que, além de virtuosismo impressionante, têm repertório absolutamente criativo e totalmente calcado nas raízes da música brasileira.
Sua irmã mais nova, Badi, além do virtuose como instrumentista, criou e desenvolve um trabalho de percussão corporal e vocal, totalmente original.
Todos eles transpiram arte musical em cada poro.
Pois bem. Em outubro de 2004, a família Assad resolveu fazer uma homenagem às
suas matrizes, os pais Angelina e Sérgio, também músicos.
Prod
uziram um espetáculo lindíssimo com toda a família e escolheram o Palais des Beaux Arts, em Bruxelas para apresentar e gravar o show.
O resu
ltado é o DVD "Um SongBook Brasileiro", encontrado nas lojas brasileiras e que eu recomendo enfaticamente.
São quase duas horas de música brasileiríssima, tocada
como se fosse um encontro na sala dos Assad, para uma platéia lotada de belgas extasiados. A gente só percebe que não é a sala da família quando, nos intervalos das músicas, as novas formações e grupos que se sucedem, são anunciadas ao público, pelos Assad, num francês fluente e sem sotaque.
Dentre todas as estrelas que se apresentam, uma me chamou a atenção pelo talento
exuberante e pelo virtuosismo musical, mas, principalmente pela juventude e pela personalidade artística. Trata-se de Clarice, filha de Sérgio Assad. A jovem é instrumentista, compositora, arranjadora (são dela os arranjos vocais do show), cantora de timbre personalíssimo e tem uma presença cênica absolutamente magnética, além de ser linda e carismática.
S
eu arranjo vocal para a canção Jóia, de Caetano Veloso, cantada em três vozes, à capella, pela tia Badi, pela sua prima Carolina e por ela mesma é algo arrebatador. Uma daquelas coisas de se assitir com a boca abrindo lentamente e que, ao final, a platéia demora alguns segundos pra sair do transe e aplaudir.
Fora isso,
mostra composições suas, como por exemplo Ad lib, uma peça instrumental escrita para piano, voz e dois violões (executados pelo Duo Assad). A peça me remeteu à sonoridade de Egberto Gismonti, que eu ouvia demais nos anos 1980. Tem aquela mesma sofisticação harmônica e melódica, a mesma dificuldade técnica. E é executada com virtuosismo inacreditável pela jovem Clarice, responsável pelo piano e pela voz, em "scat singing" impressionante.
Em seu site, descobrimos que Clarice compõe música erudita de qualidade, como o lindo Concerto para Violino, Mov 2 e 3. Lá, sua voz pode ser ouvida na magnífica Miss Celie's Blue, em originalíssimo arranjo vocal a capella que criou para a canção (do filme "A Cor Púrpura"), no qual
sola a melodia, enquanto faz todas as não sei quantas vozes de harmonização em "backing".
Pouca gente deve conhecer o trabalho de Clarice Assad no Brasil. Ela está em Nova York, construindo sua carreira. Como os caras lá não são burros, logo, logo a gente vai ouvir falar aqui no Brasil de uma cantora
, compositora, arranjadora e instrumentista fantástica, "novaiorquina", fazendo o maior sucesso nos Estados Unidos, na Europa e no Japão. E, ao ler sua biografia na imprensa, vamos descobrir que é uma brasileira, carioca, que começou seus estudos de música aqui no Brasil, que se apresenta publicamente desde os 7 anos de idade, mas que - como tantos outros talentos nossos - foi fazer sucesso primeiro lá fora, onde seu valor é reconhecido e valorizado.
Vocês podem (devem) conhecer Clarice e seu trabalho, em seu site, ou no MySpace. E ter o prazer de ver nascer uma estrela
"supernova" brasileira, já brilhando na constelação da música internacional.
Ah... e comprem o DVD "Um Songbook Brasileiro". É de ouvir, ver e se emocionar.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

UMA TAL DE Tal...

O nome da menininha aí do baixo - tocando com Jeff Beck - é Tal Wilkenfeld.
Nasceu na Australia e há cinco anos está nos Estados Unidos.
Já tocou com Eric Clapton, Chick Corea e outros monstros sagrados, que devem estar de boca aberta até agora.
Se eu não estivesse vendo o vídeo, não acreditaria.






KIMBER MANNING

Os Estados Unidos são o paraíso e o inferno dos músicos e artistas da música.
Qualquer músico quer estar em um lugar que tem as melhores escolas de música do mundo, o maior mercado, a maior platéia, muito dinheiro, muita gente disposta a produzir, etc. etc...
Mas o inferno é que tem gente boa pra caramba, aos montes.
Dando uma fuçadinha rápida no MySpace, encontrei um monte, mas um monte de gente boa, de quem nunca ouvi falar.
Só uma amostrinha: olhem a qualidade dessa moça: Kimber Manning.
Já ouviram falar?