sábado, 18 de agosto de 2007

A ESPERANÇA É A ÚLTIMA QUE MORRE. A CRIANÇA É A PRIMEIRA.

A Globo fez mais um programa CRIANÇA ESPERANÇA.
Meu já notório ceticismo, viu aquela festa demagógica como uma espécie de "bolsa-família corporativa". O correspondente privado, do plano assistencialista-paternalista estatal do PT, que levou Luis Ignácio ao segundo mandato, a despeito de ter perdido totalmente o apoio da classe média, em virtude dos descalabros éticos cometidos por seus "quarenta" asseclas.
Qualquer "duda mendonça" de terceira linha sabe que vincular o nome de uma corporação (ou de um candidato) a obras de alcance social, faz um bem danado à imagem da empresa (ou do candidato). Assim, Globo e os demais patrocinadores do evento, com a chancela da UNESCO, ganham uma tremenda exposição e dão um baita polimento ao seu conceito público. Sem contar o lucro rachado com as operadoras de telefonia, que cobram R$0,27 do telefone fixo e R$0,50 do celular, "plus tax", por telefonema doador.
Quem pode ser contra uma iniciativa tão humanitária, com tanto alcance social? Quem não se comove frente às imagens das crianças pobres do terceiro mundo, jogadas nos lixões contaminados, morrendo de fome e doenças? Respondo: EU sou contra! EU NÃO me comovo!
Por total preguiça e falta de opção, fiquei assistindo o showzinho chatíssimo, com as atrações de sempre. Em determinado momento o indefectível Didi Mocó - considerado um embaixador da UNESCO para esse evento - entra em cena e declara, orgulhoso, que aquela é a 22ª. versão do CRIANÇA ESPERANÇA (!!!).
Quando ouvi isso, um sininho tocou dentro de mim. Fiquei pensando que há 22 anos o poderio da Globo e a influência popular dos artistas e celebridades que dão o seu aval, consegue arrecadar bilhões de reais para ser aplicados em projetos de recuperação social de crianças brasileiras.
Significa que, há 22 anos, essa "maravilhosa iniciativa" não adiantou nada. Em cada um destes 22 anos, sempre houve a necessidade de repetir a campanha no ano seguinte, porque o número de pobres, famintos, doentes, ignorantes, excluídos do terceiro mundo não parou de crescer exponencialmente. E isto vai se repetir nos próximos 22 anos; e depois nos próximos; e nos próximos.
Sempre vi a prática de doações, como uma ação paternalista, inócua e mal intencionada. Enquanto se faz caridade, enquanto se doa, joga-se uma nuvem de fumaça sobre as reais causas da pobreza e da exclusão; e distrai-se o olhar da ausência de verdadeira política social, que ocorre há séculos (precisamente, há cinco séculos), " nefte paíf ", como diria Luis Ignacio.
A questão é a seguinte: estes desvalidos, são cidadãos, embora nem saibam disso e nem o que é isso. Eles têm direito de ter uma vida digna, usando seus próprios recursos. Compete à sociedade organizada, sob que forma for e em qualquer nível (municipal, estadual, nacional ou mundial), prover condições para que todos, TODOS, tenham condição de não precisar de doações do CRIANÇA ESPERANÇA ou de depender do BOLSA-FAMÍLIA, para sobreviver.

O fato de existirem iniciativas desse gênero, por si só, já denuncia nosso fracasso como sociedade organizada minimamente digna.
Quando tomou posse, Luis Ignacio levou todos os seus ministros para um "POBRE- TUR". Foram todos passear, de ônibus fretado e barcos com amplas janelas para que pudessem "ver" como são pobres as regiões mais pobres do país. DEMAGOGOS, VIS! Que tipo de política de inclusão social ou de recuperação da cidadania daqueles miseráveis, nasceu dessa iniciativa ridícula? NENHUMA! Ou melhor, uma: o Bolsa-Família. Programa que serviu apenas para dar a Luis Ignacio o segundo mandato.
É claro que os miseráveis votam em alguém que lhes dê um salário mínimo ou uma cesta-básica qualquer. Eles não têm nada! Nem a consciência de saber que têm direito a muito mais do que isso. E votam no Messias que os salvará da morte imediata pela fome. Ao contrário, morrerão de uma morte lenta, pela miséria crônica, que fatalmente os levará depois de terem vivido uma vida curta, sem nenhuma qualidade a não ser o fubá da bolsa-família e o sinal via satélite da Globo, levando o FANTÁSTICO para distraí-los todo final de semana e o show do CRIANÇA ESPERANÇA - uma vez por ano, todos os anos, eternidade afora - para poderem cantar com a "galera": POEIRA! POEIRA! ILÁRILARILARIÊ! Ô! Ô! Ô!
Enquanto isso, a ponta oposta da pirâmide triplica seus rendimentos, sonega impostos, faz contrabando de divisas para o exterior, estaciona suas Ferraris, Mercedes e BMWs em fila dupla, interrompendo o trânsito da Rua Haddock Lobo, para ir comer no Rodeio ou no Fasano, financia campanhas eleitorais com o caixa-dois, que os políticos beneficiados chamam de "recursos não contabilizados", compram roupas e acessórios importados nas "daslus", a preços imorais, publica balancetes bancários com lucros pornográficos..., ..., ...

Esperança, criança? Que esperança!!!!